Artigo publicado no Estadão em parceria com a Indigo no dia 3 de maio de 2021.
Modelo criado no fim dos anos 1950 pode fomentar novas propostas de mobilidade urbana como a cidade de 15 minutos.
Foi no fim dos anos 1950 que os carros particulares iniciaram seu boom. Símbolos de uma nova fase da história das cidades, eles se tornaram peças-desejo em uma sociedade cada vez mais pautada no consumo.
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Porém, as cidades pagaram caro por esse frenesi, a exemplo de congestionamentos e do alto número de veículos estacionados a céu aberto em ruas que também poderiam ser usadas com segurança para o trânsito de pedestres e ciclistas.
Frente a esse último impasse, Paris, já naquela época, abriu vários estacionamentos subterrâneos. A tendência eclodiu por toda a Europa, em metrópoles que viviam problemas semelhantes.
Com vários andares, essas estruturas poupavam o espaço urbano e impediam que monumentos históricos, por exemplo, precisassem ser derrubados. Partiu daí muito o que se sabe hoje sobre a construção de estruturas subterrâneas.
E, para muitos urbanistas, tal conhecimento pode ser uma chave para a otimização do espaço urbano. Sobretudo agora em que conceitos como a mobilidade urbana sustentável e a cidade de 15 minutos entram em cena.
O groundscape
Hoje, mais do que prover espaços para estacionar veículos, o mercado de estacionamentos subterrâneos tem mirado no que urbanistas, como o francês Dominique Perralt, definem como groundscape — uma horizontalização da cidade no subsolo.
Segundo Thiago Piovesan, diretor nacional da Indigo, empresa global de estacionamentos subterrâneos, por meio dessa ideia é possível conectar serviços e modais de mobilidade, bem como criar hubs com múltiplos usos no subsolo.
“Modais individuais ou coletivos podem ser guardados e alugados nesses espaços. Cada nível no subterrâneo pode ser usado para diferentes fins”, disse Piovesan. “Há lugar para manobrar e guardar frotas de caminhões ou veículos elétricos usados no abastecimento de mercados locais ou entregas diretas ao consumidor final”, ele exemplificou.
Estacionamentos subterrâneos e as cidades de 15 minutos
Recentemente, Paris anunciou seu projeto de cidade de 15 minutos. A proposta prevê que as pessoas possam acessar todos os serviços dos quais precisam a apenas 15 minutos de onde estão.
Mas, para isso, o espaço urbano deve ser um espaço fluido e aberto a diferentes modais, sobretudo à mobilidade ativa, e é aí que os estacionamentos subterrâneos podem ser bons aliados.
As vagas subterrâneas ocupam mais de 2 milhões de metros quadrados na França, e esse tipo de estrutura deve acompanhar os atuais movimentos de reestruturação urbana. É o caso da avenida Champs-Élysées, por exemplo, que, por conta do novo projeto anunciado pela prefeita de Paris, terá mais vegetação e menos carros até 2030.
Assim, estruturas subterrâneas para se estacionar veículos têm sido pensadas de modo a deixar a superfície livre. Isso é especialmente relevante para uma cidade que se prepara para receber os jogos olímpicos marcados para 2024.
Carros elétricos e os estacionamentos subterrâneos
Outro novo movimento impactado pelos estacionamentos subterrâneos é a ascensão dos carros elétricos, que demanda a ampliação de estruturas para recarga. Segundo Piovesan, esse modelo de operação está presente nos estacionamentos subterrâneos e fornece formas autossustentáveis de geração da energia que alimenta os carregadores. Outro ponto positivo para os estacionamentos subterrâneos: solução criada há meio século e que está mais atual do que nunca.
Este artigo foi divulgado pelo Estadão em parceira com a Indigo.